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Levir sobre fim de ação no STJD: "Gol impedido não é para comemorar"

Treinador entende que Flu lucrou ao reclamar de suposta interferência externa no Fla-Flu, não descarta saída de Gum contra o Coxa e deixa 2017 em aberto

Por Rio de Janeiro

Levir Culpi Coletiva Fluminense CT (Foto: Hector Werlang)Para Levir Culpi, o Fluminense não deveria comemorar o gol impedido marcado pelo tricolor no Fla-Flu (Foto: Hector Werlang)

Levir Culpi usou da costumeira sinceridade para avaliar o arquivamento do pedido de impugação do clássico contra o Flamengo. Feita pelo Fluminense, a tentativa não será mais julgada no Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD). O Tricolor reclamava de interferência externa na decisão do árbitro Sandro Meira Ricci ao anular gol de Henrique. Para o treinador, o clube das Laranjeiras lucrou com o episódio, afinal, disse ele, não se deve comemorar gol impedido.

A mesma objetividade marcou outros pontos da entrevista. Sem fugir das perguntas, não descartou a saída de Gum, criticado por parte da torcida nos últimos jogos. O Tricolor encara o Coritiba, domingo, no Couto Pereira, com uma sequência de três derrotas e fora do G-6 do Brasileirão. Por fim, comentou o ambiente político das Laranjeiras e deixou 2017 em aberto.

- O clube fez a sua obrigação. Foi visível, todo mundo viu o que aconteceu. Acho que o Fluminense sai lucrando com a situação. O gol foi impedido. Gol impedido não é coisa para comemorar. Mas ficou claro também que o Fluminense não pode deixar passar uma arbitrariedade que aconteceu. A CBF precisa abrir os olhos para que isso não ocorra mais. Que estudem o quadro de arbitragem. É o quadro que precisa ser preservado. Ser profissionalizado. É urgente. O árbitro não pode trabalhar e ter essa responsabilidade toda. Os códigos de ética têm de ser remanejados. No futebol e na sociedade brasileira - disse o comandante, após o treino da manhã desta sexta-feira, no CT da Barra da Tijuca.

Gol impedido não é coisa para comemorar. Mas ficou claro também que o Fluminense não pode deixar passar uma arbitrariedade que aconteceu. A CBF precisa abrir os olhos para que isso não ocorra mais".
Levir Culpi, técnico do Fluminense

Na quinta, o presidente do STJD, Ronaldo Piacente, acolheu o pedido da Procuradoria e arquivou o processo que o Flu movia. A ideia era anular o último Fla-Flu, disputado no dia 13. Em nota oficial, a direção lamentou a decisão e questionou os motivos do arquivamento. O resultado da partida (2 a 1 para o Flamengo) foi confirmado na tabela de classificação.

Parte do treino foi fechada à imprensa. Sem poder contar com os machucados Diego Cavalieri e William Matheus, o treinador fez testes na equipe. Pierre, com dores na coxa direita, ainda é dúvida. Quando os jonalistas tiveram acesso ao trabalho, a zaga tinha Renato Chaves e Henrique. Gum, muito criticado nos últimos jogos por parte da torcida, treinou normalmente. Levir não confirmou a escalação:

- É muito chato isso. A torcida grita “Gum, guerreiro”. Quando ganha, é o guerreiro. Quando perde, tem de sair? Gum é um guerreiro mesmo. Tecnicamente, nunca chama a atenção. Ele é eficiente. É ponta firme. Dá segurança ao sistema defensivo. É firme nas bolas pelo alto. Mas tem defeitos, como nós todos temos. Pode errar. E cabe a mim decidir. Ele tem a confiança de todos nós. Merece respeito por isso. Não acredito nisso (se queimár o jogador caso o saque do time). Às vezes, a crítica é justa. Tomamos alguns gols de cabeça. E vamos continuar tomando e fazendo. Na minha opinião, é a jogada mais difícil do jogo. É 50% de chances. Dois corpos não ocupam o mesmo lugar, ao mesmo tempo, no espaço. Vejo a rodada e sempre tem gols de cabeça. Podem ver. É direto. Isso não será contido. Pode diminuir tendo bons cabeceadores. Nunca todas. Tomamos alguns em sequência. Daqui a pouco posso tirar um para ver como fica. Estou estudando.

Levir Culpi treino Fluminense (Foto: Nelson Perez/Fluminense FC)De óculos escuros e boné, Levir comandou o treino do Fluminense no novo CT (Foto: Nelson Perez/Fluminense FC)

Ao final do treino, Renato Chaves torceu o tornozelo direito. Será reavaliado no treino deste sábado, nas Laranjeiras. A provável escalação: Júlio César; Wellington Silva, Gum (Renato Chaves), Henrique e William Matheus; Pierre (Douglas), Cícero, Scarpa e Marcos Junior; Wellington e Richarlison. O Flu é o nono, com 46 pontos.

Levir Culpi também foi questionado sobre a temporada 2017. Ao negar ter recebido proposta do futebol japonês, deixou o futuro em aberto. Justamente por ter eleição presidencial em novembro.Ele disse não ter sido procurado por nenhum dos candidatos, Pedro Abad, Mário Bittencourt, Celso Barros e Cacá Cardoso.

Não tenho nenhum plano para 2017 pois ainda não recebi nenhuma proposta".
Levir Culpi, técnico do Fluminense

- Não tenho nenhum plano para 2017 pois ainda não recebi nenhuma proposta. Gostaria de ir a Curitiba, minha casa, mas até agora não recebi nada. Nem da minha família. Não, nada, nenhum contato (com os candidatos). Não conheço eles pessoalmente. O único contato que tive foi com o presidente Peter - finalizou o treinador.


A íntegra da coletiva de Levir:

Treino

Eu considero o Renato Chaves um titular. Das vezes em que jogou, foi bem. Foi mais precaução ao Gum, que sentiu dores. Então, diminuímos o trabalho do Gum e aumentamos o do Renato. É claro que, com o revezamento no treino, dá confiança aos jogadores. Para os atletas não sentirem falta de ritmo quando necessário.  

Jogos fora de casa

A grande verdade é que a gente não tem casa. Somos visitantes o ano todo. Agora, com o Maracanã, será a primeira vez no ano. É uma dificuldade adicional. Não dá para lamentar muito. Fica pior. O ano é difícil. Temos de trazer pontos de fora. A nossa regularidade de atuação é boa. Não temos regularidade de resultados. Pode acontecer uma reta final legal ao clube.  

Dificuldades contra o Coxa

Eu assisti ao jogo do Coritiba contra o Atlético, da Colômbia. É o atual campeão da Libertadores. Foi igual. Qualquer resultado lá será normal. Vai depender da circunstância, das oportunidades para marcar. O jogo será equilibrado.  

Jogos contra times que lutam contra o rebaixamento

A nossa postura não deve ser diferente. O que deve mudar é o resultado. Quem que não corre no time? Tem alguém que não dê sangue? Isso não existe. Os jogadores se esforçam. O que temos de respeitar mais é o adversário. Não existe só o Fluminense. Reclamamos do resultado. Perdemos três vezes consecutivas. Para ter resultado, precisamos de atitude e aproveitar as oportunidades. A receita é se preparar bem. Temos de ter resiliência, a capacidade de reação em hora difícil.  

Especulação sobre o retorno ao Japão

É um momento muito perigoso para dar qualquer tipo de declaração. O momento é de eleição, são quatro candidatos. Pode imaginar o que acontece nas redes sociais e no clube. Há pressão em cima dos jogadores. Só quem está dentro percebe. O momento é de cuidar o que se fala. É o momento dos oportunistas também. Absolutamente. Não tive proposta do futebol japonês, se tivesse falaria. Não aconteceu nada. Mas o cara já colocou na imprensa.... Quem quiser ouvir com maus ouvidos, paciência. Não recebi nada. Se receber, vou conversar com quem merece ser ouvido. Não tenho nenhum plano para 2017 pois ainda não recebi nenhuma proposta. Gostaria de ir a Curitiba, minha casa, mas até agora não recebi nada. Nem da minha família.  

Algum dos candidatos te procurou?

Não, nada, nenhum contato. Não conheço eles pessoalmente. O único contato que tive foi com o presidente Peter. É um cara muito profissional. Talvez conheça, mas não sei quem são os candidatos. Não tenho como avaliar.  

Peter Siemsen conversa com o elenco do Fluminense no CT (Foto: NELSON PEREZ/FLUMINENSE F.C.)Peter Siemsen conversou com o elenco do Fluminense no CT nesta sexta (Foto: NELSON PEREZ/FLUMINENSE F.C.)

Lesões

Na verdade, o Fluminense é um dos times que menos têm lesões. Coincidentemente, em uma semana, foram três. Renato torceu o tornozelo agora. Não tem relação com a preparação. É fatalidade. Teria relação se fosse muito problema muscular. Não é o nosso caso. É o time, acho, que tem menos jogadores machucados no ano. Estou muito satisfeito com isso. O nosso desempenho é bom dada a dificuldade de logística.  

Gum sendo criticado

É muito chato isso. A torcida grita “Gum, guerreiro”. Quando ganha, é o guerreiro. Quando perde, tem de sair? É a situação do treinador também. Temos de saber conviver com isso. Gum sabe. Ele é um guerreiro mesmo. Tecnicamente, nunca chama a atenção. Ele é eficiente. É ponta firme. Dá segurança ao sistema defensivo. Ele vende essa credibilidade. É firme nas bolas pelo alto. Mas tem defeitos, como nós todos temos. Pode errar. E cabe a mim decidir. Ele tem a confiança de todos nós. Merece respeito por isso.  

Se sacá-lo, significa queimá-lo?

Não acredito nisso. Às vezes, a crítica é justa. Tomamos alguns gols de cabeça. E vamos continuar tomando e fazendo. Na minha opinião, é a jogada mais difícil do jogo. É 50% de chances. Dois corpos não ocupam o mesmo lugar, ao mesmo tempo, no espaço. Vejo a rodada e sempre tem gols de cabeça. Podem ver. É direto. Isso não será contido. Pode diminuir tendo bons cabeceadores. Nunca todas. Tomamos alguns em sequência. Daqui a pouco posso tirar um para ver como fica. Estou estudando.  

Matemática ao G-6

Não sou bom em finanças, quem cuida do dinheiro é minha esposa. Mas confio na matemática. Um número de pontos dará a classificação. Falam em 60. Mas como se faz para chegar lá? E daí? Tem de ir jogo a jogo. A conta agora é somar três pontos contra o Coritiba.  

STJD

Presidente esteve aqui hoje. Falou com todos. Foi bacana. O clube fez a sua obrigação. Foi visível, todo mundo viu o que aconteceu. Acho que o Fluminense sai lucrando com a situação. O gol foi impedido. Gol impedido não é coisa para comemorar. Mas ficou claro também que o Fluminense não pode deixar passar uma arbitrariedade que aconteceu. A CBF precisa abrir os olhos para que isso não ocorra mais. Que estudem o quadro de arbitragem. É o quadro que precisa ser preservado. Ser profissionalizado. É urgente. O árbitro não pode trabalhar e ter essa responsabilidade toda. Os códigos de ética têm de ser remanejados. No futebol e na sociedade brasileira.  

Qual a escalação?

Não tenho preocupação alguma com os machucados. Acho que vai melhorar. Brinco com eles: estava precisando machucar algum para mudar a escalação. Temos elenco, não tem problema algum. Pierre depende de exame para ver se será relacionado. Caso não jogue, dá chance a outro. Sem problemas. Não lamento.