quinta-feira, 11 de agosto de 2011

RACISMO - Trabalhando em sala de aula

Comece por fazer uma análise por escrito ou oralmente as frases seguintes, de modo que você possa discutir com eles a presença de preconceitos, os estereótipos e o racismo nelas embutidos:
Marta é negra, mas é bonita.
Seu João é um homem notável. Um preto de alma branca.
Os jogadores negros de futebol só se casam com loiras burra. O negro quando não suja na entrada suja na saída.


Preconceito de classe ou de raça
A situação do negro hoje não é muito diferente daquela de 100 anos atrás. Embora a condição do negro seja outra - não é mais escravo, ou seja, não é propriedade de ninguém  continua sendo considerado "ser inferior". Tal como aconteceu quando foi abolida a escravidão, as taxas de desemprego e de subemprego são maiores entre os negros que entre os brancos.Os negros geralmente conseguem trabalho de pouco prestígio social. Conseqüentemente é grande o número de negros residindo em locais pobres, como nas favelas.
É fácil observar que muitos negros trabalham como empregados domésticos. A associação entre ser negro e ser empregado doméstico é tão imediata que muitas dona-de-casa negras já ouviram de pessoas que bateram a sua porta, a pergunta: "A dona de casa está?".
A linha de cor passou a se confundir com a linha de posição social, de classe. Em outras palavras, a maioria dos negros passou a ocupar as mais baixas posições na sociedade.
Hoje, a maioria dos negros é pobre.É verdade que existem brancos nas mesmas condições,porém,a"c1asse privilegiada"é constituída por brancos.Por isso,dizer que no Brasil o que existe é preconceito de classe e não racial(de cor)é outra tentativa de mascarar a questão.

DIA 21 DE FEVEREIRO: DIA DO COMBATE À DISCRIMINAÇÃO RACIAL
Racismo à Brasileira
Quando preto voa? Quando cai da construção.
Quando o preto anda de carro? Quando vai preso.
Quando preto sobe na vida? Quando explode o barraco
Por que preto não erra? Porque errar é humano.
Quando preto vai à escola? Quando está construindo.


Analise seriamente esta inscrição gravada na Escola de Policia de São Paulo: “Um negro parado é suspeito; correndo, culpado”

VALENTE, Ana Lúcia E.F. Ser negro no Brasil hoje. 11ª Ed., Enciclopédia EDIPE, vol. 9.

Os selvagens classificavam-se em "dóceis", "humildes", "bons" quando não oferecem resistência à sua assimilação ou fusão na cultura e na organização produtiva dos Civilizadores (Senhores, Patrões, Colonos, etc). Se se mostravam resistentes à Civilização são denominados de "rebeldes", "a-sociais", etc.
A cada raça foi atribuído um conjunto de características que correspondiam à sua especialização para o trabalho: o negro é forte, mas indolente; o chinês é fraco, mas persistente, etc. Mais uma vez estas classificações serviam para legitimar o domínio dos brancos, e interiorizar nos respectivos povos um conjunto de características que fariam parte da sua natureza.


Racismo dos Africanos
Os africanos são racistas? Em princípio poderão ser tanto como os europeus asiáticos, etc., desde que estabeleçam diferenças discriminatórias entre os seres humanos baseadas na cor da pele.
Admite-se que alguns movimentos políticos no século XX, tenham contribuído para desenvolver entre os africanos tendências racistas contra os brancos, como forma de estimular a criação de uma consciência da unidade cultural dos negros (Africanidade, Negritude, Poder Negro, etc).
A quase totalidade dos países africanos quando se tornaram independentes, explorou formas diversas de racismo como um modo de favorecer a coesão nacional entre negros.

Racismo Como Ameaça
As manifestações de racismo ocorrem, quando um povo ou um grupo social expressivo, se sente ameaçado por outro, e considera que esta ameaça pode colocar em causa o seu Poder (privilégios, território, etc) (1), Cultura (2), Identidade Cultural (3), Religião (4); etc.

Nascimento do Racismo
As primeiras concepções racistas modernas surgem em Espanha, em meados do século XV, em torno da questão dos judeus e dos muçulmanos. Até então os teólogos católicos limitavam-se 'aqui a exigir a conversão ao cristianismo dos crentes destas religiões para que pudessem ser tolerados. Contudo, rapidamente colocam a questão da "Iimpieza de sangre" (limpeza de sangue). Não basta convertê-Ios, "Iimpando-Ihes a alma", era necessário limpar-Ihes também o sangue. Só que acabam por chegar à conclusão que este uma vez infectado por uma destas religiões, permaneceria impuro para sempre. A religião determina a raça e vice-versa. No século XVI esta concepção é estendida ao Indíos e Negros. Nenhuma conversão ou cruzamento destas raças, afirma o espanhol Frei Prudêncio de Sandoval, é capaz de limpar a sua natureza inferior e impura. A única cura possível, nestes casos, é o extermínio. Entre Sandoval e Adolfo Hitler existe uma linha de continuidade de idéias e práticas racistas (J.H.Jerushalmi).
Ainda no século XVI, como refere Hannah Arendet, surgirá na França uma outra concepção racista que será retomada por outros ideólogos racistas mais recentes. François Hotman sustenta então que existia na França duas raças diferentes: a dos nobres e da do povo. A primeira, de origem germânica, era a raça dos fortes e conquistadores. A segunda, a dos vencidos e antigos escravos. Trata-se de uma argumentação que procura sustentar em termos rácicos o poder e a supremacia da nobreza em toda a Europa.

Racismo e Direitos Humanos
Declaração dos Direitos do Homem, elaborada no século XVIII, consagra a idéia da igualdade de todos os seres humanos, independentemente da sua raça, religião, nacionalidade, idade ou sexo. Diversos países desde então integraram estes princípios nas suas constituições, mas a verdade é que não tardaram em adotar medidas restritivas à sua aplicação. A França, que simbolizou esta mesma Declaração, não tardou logo em 1804, em decretar a reintrodução da escravatura nas colônias e ao longo de todo o século XIX em proteger o tráfico clandestino dos negreiros.
Embora teoricamente todos os Homens fossem considerados iguais, desta igualdade foram excluídos os negros, os índios e todos as "raças" consideradas "selvagens", "incivilizadas", "primitivas", etc.

Breve Bibliografia sobre Racismo

Banton, Michael- A Ideia de Raça.Lisboa.Ed.70.1977


BERNAD, Zila. Racismo e Anti- Racismo. Coleção Polêmica. SãoPaulo, Moderna,1994
Bracinha, Vieira . A. - Racismos e Teoria. Lisboa. In, Ethnologia. 3-4. 1996

BRINK, William, HARRIS, Louis, Negros e Brancos – O drama racial dos Estados Unido~, Lisboa.Ed. Ibis.1968.
BRITO, R. - Racismos e Assimetria Positivo-Negativo no Enviezamento Entregrupal ao Nível das Avaliações Intergrupais, Lisboa. ICSTE. Diss.Metrado.1998
CAVALLEIRO, Eliane (org.).- Racismo e anti-racismo na educa  repensando nossa escola. São Paulo: Summus, 2001.
CARDOSO, Carlos Manuel - Educação Multicultural, Lisboa. Texto e Editora, 1996.
CARNEIRO, M. L. Fucci. O Racismo na História do Brasil. Sã Paulo, Ática, 1998
CONTADOR, António Concorda- A Cultura Juvenil Negra e Portugal, Oeiras, Celta . 2001.
COSTA, Alfredo Bruto da- Exclusões Sociais, Viseu. Gradiva, 2001
COMBESQUE, Marie Agnés- O Silêncio e o Ódio Racismo, da insulto ao assassínio, Lisboa, Livros do Brasil. 2002.
DU BOIS,W.E.B. As almas da gente negra. Rio de Janeiro: Lacerda Editores, 1999.
Fanon, Frantz - Pele Negra nas Caras Brancas.Porto.Paisagem.1975
Faria, SERGIO L. - O Que é o Racismo? BRASILlENSE
FINLEY, Moses r. Escravidão antiga e ideologia moderna. Rio de Janeiro: Graal, 1991.

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